Este texto de opinião destina-se para pessoas que, de algum modo, fazem algo numa empresa ou organização, seja por remuneração ou por voluntariado — embora eu tenha escrito a pensar no contexto ministerial cristão, visando a persistência no mesmo.
Eu tenho observado a nível geral que é quase impossível se manter motivado ao fim de algum tempo fazendo o mesmo. Várias pessoas a nível internacional que eu admirava hoje, uns 10 anos depois, estão quase indiferentes àquilo que outrora estavam fervorosamente motivadas.
Por exemplo: quem foram os músicos/bandas que arrastaram multidões a adorarem a Deus? Como estão hoje? A maioria continua no ministério, mas não têm mais a mesma “motivação”, embora alguns sejam ajustavelmente contemporâneos.
Há exceções, mas estas — creio eu — são aquelas que souberam como se motivar ao longo do tempo, não apenas dando mas também sabendo receber — de Deus e de pessoas: espiritual e natural.
Aos mais religiosos, me perdoem… mas neste caso o espiritual não é suficiente. Enquanto seres humanos, precisamos nos motivar não apenas através das disciplinas espirituais, mas também através de coisas naturais que, por sua vez, nos “avisará” consciente ou inconscientemente que o nosso esforço não é em vão ou de pouco valor. Em relação a isso é bom lembrar que “valor” não é apenas uma referência a preço. Pode ser mais que isso!
O desafio que vejo, portanto, é sempre nos associar à projetos que proporcionarão meios de recompensa saudável e equilibrada, que trazem felicidade ao nosso coração e neutraliza a vontade de desistir a qual, penso eu, todos têm ocasionalmente.
No entanto, se por um lado precisamos estar atentos ao senso de recompensa/honra nos projetos do qual nos “associamos”, precisamos também estar atentos se nós estamos vivendo de modo a que permaneçamos motivados. Eu poderia voltar a falar a nivel espiritual, mas isso fica para outro texto…
Por exemplo: uma pessoa recebe o seu salário e tudo o que faz é comprar comida. Ao fim de algum tempo ela vai se desanimar com o trabalho, afinal de contas, a sua má gestão financeira a faz pensar que não vale a pena continuar no trabalho pois não consegue comprar “nada”.
Você conhece alguém assim?
Bom… é melhor pararmos por aqui!
Após 2 anos de trabalho, eu estava semelhante. Tudo o que eu fazia era pagar contas. Era capaz de dar algo para alguém, mas não comprava muito para mim. Eu já estava a começar a ficar desmotivado.
Um dia entrei numa loja e comprei um telemóvel que queria muito. A diferença entre o meu então telemóvel para o novo era de 5 ou 6 anos, numa sociedade onde o normal é ficar apenas 1 ou 2 anos (máximo)!
Pode ser algo simples para alguns, mas depois disso cada vez que eu pegava no telemóvel eu pensava: “vale a pena fazer o que faço”!
A partir daí entendi ainda mais a importância de me manter motivado também através de avanços naturais. Nos meses que se seguiram eu priorizei todos os projetos que, de algum modo, me permitiam manter motivado e, como é óbvio, evitei ou ajustei ou cancelei todos os outros que não o permitissem. Caso contrario, mais dia menos dia eu ia deixar de fazê-los, seja por decisão ou desmotivação.
O que eu quero dizer é: se você visa permanecer fazendo o que faz, é melhor começar a encontrar formas de se manter motivado.
As pessoas não estão sempre em “cima”. Por vezes passamos por momentos em “baixo”. E, neste caso, os resultados palpáveis que você obteve ao longo do tempo te ajudarão a permanecer firme.
Em relação à isso ainda há muito mais que podíamos analisar aqui, mas ficará para outra ocasião…
Concluo com uma questão: o que você tem se associado/feito para que daqui 5 ou 10 anos você continue tão ou mais motivado a fazer o que você faz hoje?
— Alisson AR